Já passou tanto tempo desde a última vez que te escrevi uma carta. Não imaginas o quanto eu tenho tentado ser a pessoa que ele quer que eu seja. É mau eu querer que ele goste de mim como uma pessoa que não sou? Contigo não resultou da melhor maneira, isso lá nós sabemos como acabou. Não mudo por ninguém, mas posso melhorar por quem merece, e se não quero ficar sem ele como me aconteceu contigo, vale o esforço. Já cresci tanto, agora percebo como era difícil para ti. Sinto-me à prova de balas quando me tentam acertar no coração, mas depois, quando estou sozinha, baixo a guarda.

Não te cheguei a contar mas conheci alguém nestas férias, fui uma semana para Peniche e conheci alguém do qual gostei bastante, provavelmente por me lembrar de ti... Não fiquei tempo suficiente para o conhecer melhor, o que foi uma pena para mim, parecia um bom amigo, de verdade. Passamos uma noite juntos, a conversar numa mesa de snooker, uma coisa que nunca pensei de mim, criar laços com um estranho que provavelmente só o vejo para o ano e nem se deve lembrar do meu nome.

Hoje estou completamente sozinha, já à muito tempo que não estava completamente sozinha, só acompanhada por fantasmas à noite. Tu és um deles, agora menos frequente, acho que já não sonhava contigo à imenso tempo, e sinto-me triste com isso, afinal ambos sabemos o quanto eu gostava de ti.